I Festival de Danças Ciganas de União da Vitória – Pr

Tenho uma novidade para contar!!

I Festival de Danças Ciganas de União da Vitória – PR  é uma iniciativa que tive durante a preparação de um projeto cultural. Este Festival faz parte do projeto Florescer em Dança aprovado pela lei 14.017/2020 “Lei Aldir Blanc” pelo município de União da Vitória – PR.

Decidi transformar o que era para ser apenas uma LIVE em um FESTIVAL on-line” como forma de levar ainda mais arte e cultura em forma de dança para o município.

Vou compartilhar um pouquinho do que estou preparando!!

Durante o Festival acontece a 1ª apresentação do 1º grupo de danças ciganas das Gêmeas do Iguaçu. 

Para a realização do Festival foram convidados alunos e professores de escolas de danças ciganas do Brasil e conta com participações especiais, de uma “Gitana Calé” Tay Delarosa e de Sayonara Linhares, pesquisadora de cultura e dança cigana há mais de 20 anos.

O Festival terá uma madrinha, que vive a dança profissionalmente desde 1995. Silvia Bragagnolo é coordenadora e coreógrafa do grupo de Danças Domínio, um dos maiores grupos de Dança Cigana do país.

Para quem ainda não sabe…

Atualmente sou professora de Danças Ciganas. Facilito práticas de  Dança com Terapias e continuo Bailarina solo em danças vivenciais, ciganas e orientais folclóricas, além das danças ritualísticas. Estudo e represento os “cyganie polski” pela comunidade polonesa através do Observatório Polonês da UNESPAR onde  sou coordenadora da sessão das Expressões Culturais. Diretora da Associação Cultural Polska Karol Wojtyla e participo do Clube Literário Wladylaw Reymont. 

Sou terapeuta além de ser bailarina-professora e utilizo técnicas de dança como terapia para desenvolvimento humano.   Iniciei minha caminhada na dança através da dança oriental, vivenciei e dancei em casa de dança cigana e, aprofundei os estudos e em dança vivencial, baseando-se em minha ancestralidade, uma verdadeira busca pela Essência. 

Esse é o primeiro Festival de Danças que eu realizo!! Então fica o convite para assistirem.

Serviço:

Data: 28/12/2020

Horário da transmissão do Festival: 20h

Link do canal Youtube: http://bit.ly/FestivalDC-UVA 

derviches dançando

Girando feliz da vida!

Como o ritualizar com giros dançantes me fazem bem…

Eu acredito muito na sincronicidade da Vida e que quando estamos abertos a receber os presentes do Universo…nós recebemos!

Desde 2016-2017 venho girando e girando, ouvindo as musicas, sintonizando e neste início de ano fui convidada a estudar num grupo de Contos Sufis, da Ordem Naqshbandi.

Este convite foi ESPECIAL para mim!!

Especial em vários sentidos que pouco a pouco foram se encaixando, como um lindo quebra cabeças onde as peças são tempo-espaço de sua vida.

Primeiro porquê estudar através de Contos, onde se usam a metáfora se encaixa com meu perfil, pois quando vou ensinar algo eu normalmente falo por metáforas…quem já esteve comigo que o diga…hahaha

Os contos, metáforas nos levam a observação e reflexão…e acreditem eu defendi isso na matéria de metodologias de aprendizagem em minha pós-graduação…

Tenho [re]lembrado que o Sufismo fala muito no que acredito.

Para o Sufismo, Deus é Um, Único e Eterno e se encontra em tudo.

Dessa forma, os sufis ensinam que o sufismo pode ser praticado com qualquer religião. Deus é o “coração” da religião. Nenhuma fé ou crença é questionada, cada um pode seguir sua própria igreja, religião ou credo.

O sufi é conhecido como o derviche, o Buscador da Verdade,
aquele que procura estar na maior parte do tempo, na Presença de Deus. Para atingir tal etapa de desenvolvimento, o aspirante a sufi, o derviche, percorre um longo caminho.

O sufismo é conhecido como o caminho ou via da purificação do
coração. No sufismo, didaticamente, é possível dizer que há uma parte devocional, uma parte pautada no autoconhecimento, sua teoria, bem como suas práticas. Nas práticas são trabalhadas as nossas partes energéticas profundas, as quais se relacionam com camadas espirituais do ser.

Dança giratória

O sama, é a dança giratória consagrada pelos derviches rodopiantes que pertencem à ordem dos mevlevi.

Rumi acreditava no uso da música, poesia e da dança como caminhos para alcançar Deus. Para Rumi, a música ajudava os devotos a focar todo o seu Ser no divino e que ao fazer isso com intensidade, a alma era destruída para então renascer. (modestamente, isso me lembra minha dança vivencial, morrer para nascer…)

Foi a partir dessas ideias que a prática dos dervixes rodopiantes se transformou em um ritual.

O Giro Sufi é uma das técnicas mais antigas de meditação e uma das mais vigorosas. Ela é tão profunda que mesmo uma simples experiência pode lhe tornar totalmente diferente.

Sama

Viemos girando do nada, espalhando estrelas como pó.

As estrelas puseram-se em círculo e nós ao centro dançamos com elas.

Como a pedra do moinho, em torno de Deus gira a roda do céu.

Segura um raio dessa roda e terás a mão decepada.

Girando e girando essa roda dissolve todo e qualquer apego.

Não estivesse apaixonada, ela mesma gritaria – basta!

Até quando há de seguir esse giro?

Cada átomo gira desnorteado, mendigos circulam entre as mesas, cães rondam um pedaço de carne, o amante gira em torno do seu próprio coração.

Envergonhado ante tanta beleza giro ao redor da minha vergonha.

Vem Ouve a música do sama.

Vem unir-te ao som dos tambores!

Aqui celebramos:

Somos todos a verdade.

Em êxtase estamos.

Embriagados sim, mas de um vinho que não se colhe na videira;

O que quer que pensem de nós em nada parecerá com o que somos.

Giramos e giramos em êxtase.

Esta é a noite do sama

Há luz agora.

– Luz ! Luz!

Eis o amor verdadeiro que diz a mente: adeus.

Este é o dia do adeus.

– Adeus ! Adeus !

Todo coração que arde nesta noite é amigo da música.

Ardendo por teus lábios, meu coração transborda de minha boca.

Silêncio!

És feito de pensamento, afeto e paixão.

O que resta é nada além de carne e ossos.

Por que nos falam de templos de oração, de atos piedosos?

Somos o caçador e a caça, outono e primavera, noite e dia, o visível e o invisível.

Somos o tesouro do espírito.

Somos a alma do mundo, livres do peso que vergasta o corpo.

Prisioneiros não somos do tempo nem do espaço, nem mesmo da terra que pisamos.

No amor fomos gerados.

No amor nascemos.

– Rumi

Giros

Nem de perto quero me comparar ao um derviche, mas o fato de que eu gosto de ritualizar com os giros, que me proporcionam um conexão profunda com meu universo íntimo e divino.

Após esse ritual a meditação se faz presente e nos dias subsequentes uma observação de Si que nos leva ao profundo autoconhecimento.

Scharlene sentada sobre os joelhos realizando o ritual zar

RITUALIZANDO com Zar

O que podemos aprender com o ritual Zār

O Zār é um ritual religioso de cura com origem aproximada no século XVIII, realizado hoje especialmente na Etiópia, no Egito, no Sudão, na Somália e no Irã. As cerimônias se estabeleceram no Sudão nos anos 1820. Foram ilegalizadas pela lei de Shari’a em 1983, mas, ao invés de diminuir, parecem ter aumentado… continua sendo uma parte essencial dessas culturas.

Um ritual que pode ser olhado com aspectos culturais, religiosos e terapêuticos.

Na religiosidade:

“culto de cura” que usa tambores e dança em suas cerimônias.
O Zar tem referências à música e à prática africanas e do médio oriente. Este culto funciona como forma única de consolo em sociedades patriarcais rígidas e também serve como um compartilhamento de conhecimento e solidariedade social entre as mulheres.

Deixando as diferenças nos rituais de lado, com relação a quem pode participar e como acontece como um todo, o que se percebe é a harmonização dos “jins”, ou espíritos que visitam a quem pratica.

O próprio Islã sempre acreditou na existência de “espíritos”, que eles chamam de “jins”.

O mestre Zar ou líder tenta conversar com o espírito para saber o que a pessoa precisa fazer para se curar ou se pacificar com ele…A intenção não é exorcizar…e sim harmonizar!

Numa outra obervação, li que alguns eruditos discutem que o conhecido “Zar” é uma distorção do nome de um africano do Deus “Jar” um Deus do céu.

Ou então…

Zar é basicamente uma dança de espíritos ou dança religiosa, com resquício das antigas deidades africanas. As antigas deidades africanas são chefiadas por duas figuras:

  • Azuzar, ser masculino, associado a Osíris e ;
  • Ausitu, ser feminino, associado a Ísis.

E para acrescentar….

Outros acreditavam que a palavra “Zar” é derivada do termo árabe “Zor” que significa visitar por isso, dizem que o “mal” tem visitado o corpo humano.

Com olhar da expressão cultural:

Representam e identificam a cultura de alguns povos do Norte da África e Oriente Médio. Buscando fontes de informação, percebi que o Zaar assume diferentes formas de acordo onde é praticado e sofreu alterações com o passar do tempo. Por exemplo, alguns locais o Zar é feito apenas por mulheres e em outros, homens também o fazem.

No meio artístico, o ritual foi inserido ao espetáculo a partir de Nadia Gamal em 1968, Aiza Sharif em 1980.

A música zār é crua e não polida. Fala do deserto e da longa história da região. Dois instrumentos musicais caracterizam, o tamboura e o manjour. Executadas com base em ritmos monótonos e fortes, dentre os quais o Ayoub. Segundo o chefe da banda Awlad Abou al-Gheit :

“Basicamente, existem 4 ou 5 batimentos. Cada batida é diferente e cada batida tem um ritmo diferente, mesmo que a música seja a mesma.”

Nasser Abdallah, que foi entrevistado por Yasmin Mourat no Cairo em 2005.

Não é exorcismo. Não é dança de transe. É Zār
A dança inicial é de fato principalmente um arremesso de cabeça, para frente e para trás, no ritmos das batidas, enquanto o praticante caminha em círculo em torno de um altar central… Os movimentos da cabeça são acompanhados por uma flexão para a frente na cintura. Mas uma vez que a música os agarra, os participantes tendem a ficar de frente para os músicos e a se mover no lugar.

Com olhar terapêutico podemos dizer:

  • sem pensar, sem julgamentos, o transe toma conta e o movimento do pulsar do coração entra em ação e nosso Ser é sábio e sabe o que têm a dizer.
  • feito em grupo, os músicos, o líder e seus convidados em que uma pessoa (normalmente mulher) será o centro das atenções, o grupo está para amparar!
  • a completa exaustão ao fim do ritualizar-dançar faz bem, a pessoa sente-se descarregada.
  • Sua experiência e sentimentos são reconhecido como válidos
  • após a exaustão vem o processo de harmonizar a energia que foi mexida e isso acontece naturalmente.
  • passa pela fase de observação de si (meditação ou reflexão).
  • em seguida, observa-se uma força para (re)começar a vida!
  • cria-se uma união no grupo, companheirismo, a partilha e a nutrição.

Indicado como relaxamento e prática de cura que acessa emocional, mental e espiritual para pessoas estressadas, frustradas ou com problemas. Purificador!
Trabalha o grupo, pois que está ali, faz parte do processo de cura e isso altera suas percepções significativamente.

O Zar traz à tona os males dentro de nós. Isso traz à tona a depressão e a ansiedade. Toda cultura tem um zar.

Nasser Mohammed Abdallah

Agora que você entendeu um pouco sobre Zar, compartilho minha experiência! Após meu contato inicial com Zar em 2017, foi a primeira vez que gravei e me vi ritualizando…sem julgamentos…só o SENTIR! Não teve um grande grupo e nem músicos ao vivo…

Agradeço a Thamirys Castilho que gravou e teve a sensibilidade de me amparar no processo de retorno ao meu “Templo de Ser”.

E se você ainda não leu, no link abaixo compartilho minha experiência inicial com Zar:
http://ninfadoamor.com.br/zaar-muito-mais-que-simples-ritual/

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